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Em Minas, retomada ferroviária pode ser com tecnologia verde

Empresas apresentaram projetos de locomotivas movidas por processos que não emitem gás carbônico, como a baterias

A viabilização econômica e tecnológica de operações com “locomotivas verdes”, ou seja, ambientalmente mais amigáveis, está cada vez mais próxima. É nesse tom de otimismo que os convidados de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na quinta-feira (28/10/21) apresentaram projetos que já estão em desenvolvimento no modal ferroviário.

Durante o encontro, realizado pela Comissão Pró-Ferrovias Mineiras, representantes de empresas privadas e agências públicas falaram sobre as novidades do setor, que envolvem principalmente soluções para novos tipos de combustíveis, que reduzam ou até eliminem a emissão de gás carbônico.

Atualmente, as locomotivas são movidas a diesel-eletricidade. A evolução do setor deve levar à construção de alternativas de células de hidrogênio, conforme explicou Luiz Carlos Hohmann, representante da Wabtech Corporation.

Há, porém, um longo caminho até essas células de hidrogênio, que precisam ainda se tornar não apenas tecnologicamente possíveis, como também economicamente viáveis.

Mas esse trajeto já tem sido trilhado, como explicaram os convidados. Um dos passos é o desenvolvimento das locomotivas a bateria, conforme apresentado por Luiz Carlos Hohmann. Elas funcionam de forma integrada com outras locomotivas, movidas a diesel-eletricidade, e têm suas baterias recarregadas a partir do calor gerado nos processos de frenagem.

De acordo com o convidado, a tecnologia já foi testada na Califórnia, nos Estados Unidos, em mais de 21 mil quilômetros, gerando economias médias superiores a 10% do combustível para cada viagem. Atualmente, a empresa já está desenvolvendo tecnologias para uma segunda geração dessas locomotivas, que devem contar com baterias mais potentes.

Proposta similar também está em desenvolvimento pela Caterpillar Company, representada na audiência pública por Andreas Naf. Segundo ele, uma das locomotivas produzidas pela empresa, movida totalmente a bateria e com zero emissão de gás carbônico, circulou durante um ano em um pátio da mineradora Vale. Agora, a proposta é também melhorar o projeto de engenharia, aumentando o número de baterias, para que ela possa fazer viagens mais longas.

O potencial do mercado para o desenvolvimento da indústria nacional foi ressaltado por Andreas Naf, que disse que a locomotiva foi inteiramente produzida no Brasil, parte importante em Sete Lagoas (Região Central). Ele afirmou, ainda, que mais da metade dos componentes utilizados já é também de fabricação nacional.

Tecnologia pode transformar plástico em combustível

 O presidente do circuito de ferrovias Vale Verde, César Mori Júnior, apresentou outra proposta. Segundo ele, a Ferrovia Sul Mineira foi procurada por pesquisadores de Curitiba (PR) para parceria que pretende desenvolver uma tecnologia que transforma plástico em combustíveis.

“Produzimos muito plástico, que acabamos jogando na natureza. Melhorar o protótipo apresentado por eles pode ser uma solução”, disse. Conforme informou, a Universidade Federal de Lavras também firmou parceria para o desenvolvimento desse processo junto à Ferrovia Sul Mineira e aos pesquisadores paranaenses.

Não só em Lavras (Sul de Minas), mas também em várias regiões do Estado, a parceria com universidades e centros de pesquisa públicos tem ajudado a desenvolver tecnologias para o setor. A representante da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Janaína Soares França, citou, por exemplo, o núcleo de desenvolvimento tecnológico que será implantado em Viçosa (Zona da Mata), sob a coordenação da Universidade Federal localizada no município.

“O núcleo vai desenvolver pesquisas sobre motores, combustíveis e outras frentes para apoiar tecnicamente as demandas futuras de segurança, manutenção e sustentabilidade”, pontuo. O deputado João Leite (PSDB), autor do requerimento que deu origem à reunião, falou sobre a importância da união de esforços para que a “retomada ferroviária” se efetive e esse tipo de transporte volte a ganhar importância em Minas Gerais.

O parlamentar exaltou, ainda, os investimentos em linhas curtas que têm sido desenvolvidas em especial para o turismo. Nesse sentido, João Leite citou linha que deve ligar o bairro Belvedere, em Belo Horizonte, a Inhotim, museu de arte contemporânea em Brumadinho, na Região Metropolitana. Assim, ele desafiou as empresas a desenvolverem tecnologias verdes já para serem usadas nesse percurso.

Acima, o deputado estadual João Leite, presidente da Comissão Ferroviária

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