Pular para o conteúdo Vá para o rodapé

Bueno Brandão registra o Banho de Cachoeira como Patrimônio Cultural

Dossiê produzido pelo Departamento de Cultura de Bueno Brandão, em parceria com a AME Cultura, é inédito no Brasil

O Banho de Cachoeira de Bueno Brandão é o primeiro Registro dessa natureza realizado no Brasil. O Registro do bem imaterial foi aprovado em reunião realizada pelo Conselho do Patrimônio local em 12 de novembro de 2021 e,  registrado no livro dos Sabres como uma prática sociocultural fortemente arraigada no cotidiano, nos hábitos e na identidade local.

O Departamento de Cultura, da Prefeitura Municipal de Bueno Brandão, junto com o Conselho do Patrimônio, acolheu esse saber identitário local e conduziu o Processo de Registro do bem “Banho de Cachoeira de Bueno Brandão” com o envolvimento de diversos setores da comunidade local e consultoria técnica da empresa AME Cultura.

Registro de Banho de Cachoeira é inédito no Brasil [Foto: Cachoeira do Machado I]
De acordo com a historiadora Cristiane Magalhães, Diretora Técnica da AME Cultura, responsável pela pesquisa e elaboração do Dossiê de Registro, “o Processo de Registro de um bem como o Banho de Cachoeira de Bueno Brandão evoca práticas presentes na humanidade desde, pelo menos, a antiguidade clássica. O banho frio, em água corrente, está presente nas narrativas bíblicas e nos documentos históricos egípcios, gregos e dos romanos, cada um com suas especificidades ressaltadas nesse Dossiê de Registro.

Essas práticas estão relacionadas com os rituais de purificação do corpo e da alma e também com os saberes médicos, científicos e sanitaristas, a partir dos séculos XVIII e XIX. O banho foi utilizado de diversas formas e com distintos rituais e práticas sociais ao longo da história. Entre os indígenas, na América do Sul (e especialmente no Brasil), o banho em rios e cachoeiras era um hábito recorrente, relacionado às questões de higiene, mas também aos sistemas simbólicos, mitológicos e às narrativas de origem dos nossos ancestrais.

Isso não desapareceu ou foi substituída no processo colonizador, ao contrário, ela estava tão fortemente arraigada nos hábitos e práticas culturais indígenas que foi transmitida para o colonizador europeu e recriada, no século XX, com a releitura dos banhos em banheiros e com os chuveiros, dentro de cada residência. Principalmente depois da Segunda Guerra Mundial era possível ter uma pequena cachoeira, em forma de chuveiro, dentro das casas e dos apartamentos.

Em Bueno Brandão, lugar conhecido como a “Cidade das Cachoeiras”, de notáveis belezas cênicas, o banho de cachoeira tornou-se primeiramente um costume cotidiano praticado em família e entre amigos pela própria comunidade local.

Com a divulgação da mídia dos atrativos naturais do município, e do fortalecimento do ecoturismo entre os anos 1990 e 2000, as cachoeiras tornaram-se o atrativo principal para inúmeros banhistas de todos os lugares, que buscam o município para repetir a prática do banho, para usar as cachoeiras como espaço de sociabilidade, de contemplação, de meditação e contato com a natureza, como cenário para fotografias e também para a prática dos esportes de aventura, como o cascading.

A prática social e cultural do Banho de Cachoeira foi se constituindo como importante fonte de renda para a comunidade local que explora o turismo ecológico construindo pousadas, restaurantes e formando condutores locais de turismo.

Município é um dos principais destinos turísticos do sul de Minas [Foto: Cachoeira Boa Vista]
Salvaguardar essa prática sociocultural no município é uma forma de manter os mananciais d’água ativos e com volume de água suficientes e próprios para banho, sem contaminação química ou biológica, além de motivar a regulação da ocupação consciente do solo de forma harmônica com o bem cultural, proteger as nascentes e as matas ciliares que formam importantes corredores ecológicos com programas específicos de proteção, promover a difusão e a educação patrimonial sobre a importância de proteger o bem, e ainda garantir às gerações futuras a recriação constante desse Saber”.

 

 

Deixe um comentário