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Fusão entre a Bunge e a Viterra deve ser positiva para o agronegócio, avalia presidente do IA

O presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende, avaliou como positiva a possível a fusão entre as duas maiores empresas de comercialização de grãos do mundo, a norte-americana Bunge e a canadense Viterra – controlada pela suíça Glencore. A fusão criaria uma trading de U$ 25 bilhões.

Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA)

“O agronegócio é fundamental para a economia brasileira e desempenha um papel significativo no fornecimento de alimentos e commodities agrícolas para o mercado nacional e internacional. A união dessas duas empresas de comercialização de grãos pode trazer benefícios importantes para o agronegócio, especialmente no que diz respeito à logística e ao acesso a mercados”, comentou o presidente.

Isan acredita que a fusão pode resultar em uma maior eficiência operacional, otimizando os processos de armazenamento, transporte e distribuição de grãos, o que pode ser benéfico para os agricultores de Mato Grosso que enfrentam problemas exatamente nesses setores. “Os agricultores de Mato Grosso enfrentam obstáculos logísticos que afetam sua capacidade de escoamento da produção, como a falta de infraestrutura adequada, o alto custo de transporte e deficiência no sistema de armazenamento. Esses problemas resultam em perdas e custos adicionais para os produtores que prejudicam sua rentabilidade e qualquer ajuda, nesse sentido é sempre bem vinda”, completa Isan Rezende.

FUSÃO – Caso a fusão das duas empresas se consolide, será uma nova gigante global do agronegócio, já que Viterra e Bunge são líderes mundiais em comercialização de grãos.

No ano passado, Bunge e Viterra comercializaram, somadas, quase 180 milhões de toneladas de grãos no mundo inteiro. A Viterra fechou o ano com 102 milhões de toneladas em grãos comercializados, com uma receita total de US$ 54 bilhões, e lucro líquido superior a US$ 1 bilhão. E a Bunge, fechou 2022 com 77,5 milhões de toneladas de grãos comercializados e lucrou US$ 688 milhões em 2022, atuando nos mercados de soja, milho, trigo e cevada.

Para Alex Issa, diretor executivo da CJ International Brazil, que atua na comercialização de commodities agrícolas no Brasil, o país está no centro dos interesses da Glencore na Bunge.

“Posso dizer que é a principal motivação para este movimento da Glencore, por meio da Viterra. Estão interessados na infraestrutura gigante que a Bunge tem no Brasil”, diz Issa.

Segundo dados da própria companhia, a Bunge tem mais de 100 unidades no Brasil, entre fábricas, moinhos, usinas, silos, centros de distribuição e portos, com mais de 7 mil funcionários.

De acordo o diretor da CJ, a Bunge continua fazendo movimentos de expansão no Brasil. “Essa fusão mostra que o setor é muito forte. Demonstra na prática todo o valor que o agronegócio tem”, diz Issa.

Por outro lado, ele mostra cautela sobre como ficará o mercado com a atuação da gigante que será formada após a transação. “Acredito que vamos passar por uma consolidação ainda maior, e o mercado tende a ficar mais concentrado no segmento de comercialização de grãos”. Issa projeta inclusive dificuldades para que a operação seja aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.

Fonte: Pensar Agro

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